Irmãos, tios, sobrinhos e primos cruzam-se no quartel de
Lordelo
Um comando de bombeiros que não é uma mas três famílias
Costuma-se dizer que uma corporação de bombeiros é como uma
família. Mas, em Lordelo, esta máxima não corresponde à verdade. Isto porque,
nesta cidade do concelho de Paredes, são várias as famílias que compõem um
quadro activo de 110 homens.
As ligações familiares são de tal forma estreitas que o
próprio comando é composto por três conjuntos de irmãos. Uma curiosidade que,
garantem os "soldados da paz", não coloca em causa a eficácia do
socorro, mas que, admitem, faz com que as conversas de família sejam, quase
sempre, dedicadas aos bombeiros.
Comandante tem irmão gémeo como subchefe
Irmãos, tios, sobrinhos, já para não falar em primos ou
outras ligações familiares mais distantes. Na corporação de Lordelo há vários
exemplos de famílias que decidiram dar corpo ao lema "Vida por Vida".
Até o recém-empossado comandante Pedro Alves tem a apoiá-lo
um irmão gémeo que, no último aniversário da corporação, também ganhou a
patente de subchefe. Armando Alves vestiu a farda dois anos depois de o irmão
entrar para bombeiro. Foi há 17 anos e, desde então, os dois têm estado lado a
lado em muitas situações de emergência e socorro.
Irmãos gémeos promovidos
Situação em tudo idêntica é vivida por Vítor Manuel e Mário
Rui Ferreira. Irmãos e igualmente gémeos estes dois homens têm feito o mesmo
percurso e também eles foram promovidos a subchefe há duas semanas. Agora, são
superiores hierárquicos de Filipe Ferreira, o irmão mais novo que também
abraçou este projecto humanitário.
Num comando que, para além do comandante e de um adjunto,
conta com um chefe e oito subchefes, encontramos ainda Abel e Paulo Sousa. Em
1994, os dois seguiram os passos do irmão mais velho José Manuel, voluntário na
corporação desde 1981. "Já andávamos na fanfarra e éramos amigos de muitos
bombeiros. O nosso irmão também nos incentivou a vir. Foi uma decisão
natural", recorda Paulo Sousa.
Nessa altura, Abel tinha 18 anos e Paulo tinha acabado de
entrar na casa dos 20 e a juventude foi, por isso, passada no quartel, no
combate a incêndios ou no banco de uma ambulância em marcha urgente a caminho
de um acidente.
Agora, Abel continua como voluntário, mas Paulo passou para
os quadros profissionais da Associação Humanitária de Lordelo. "Desde
2003", confirma.
Sobrinho seguiu exemplo dos três tios
Quem também é profissional nos Bombeiros de Lordelo é
Ricardo Sousa, sobrinho de Abel, Paulo e José Manuel. "Ele também veio
para bombeiro. Tem 26 anos e já trabalha aqui a tempo inteiro", diz,
orgulhoso, o tio Abel. "Neste momento, e sem contar com os primos, já
somos quatro", acrescenta.
E o clã Sousa nos Bombeiros de Lordelo pode crescer daqui a
alguns anos. Paulo tem um filho de oito anos que já pede para ir para o quartel
e vestir a farda vermelha. "Eu não me importava de o ter cá. Vamos ver
como será daqui a alguns anos", diz.
Preocupação estende-se a todos
Numa situação de perigo eminente, a preocupação com os
familiares é maior do que com os colegas normais? A esta pergunta, Paulo Sousa
responde de forma imediata e sem hesitações: "não".
Segundo este bombeiro, que já esteve diversas vezes com dois
irmãos a combater fogos, "a preocupação é geral e extensiva a todos".
Até porque, explica, é "dos elementos mais velhos" e "com mais
responsabilidade" no teatro de operações. "Temos de nos proteger uns
aos outros e não interessa se quem está ao nosso lado é nosso irmão, primo ou
vizinho", assegura o comandante Pedro Alves.
Fonte: Verdadeiro Olhar
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