domingo, 24 de outubro de 2010

Aliados condenado

Decisão, referente a jogo de 1998, não é passível de recurso
Aliados de Lordelo condenado a pagar 41700 euros à família de árbitro agredido

O Aliados de Lordelo viu o Supremo Tribunal de Justiça confirmar a sentença que o obriga a pagar uma indemnização de 41700 euros à família do árbitro agredido no final de um jogo que se realizou em 1998. A decisão, sem hipótese de recurso, coloca em causa o futuro do clube, precisamente numa altura em que se tinha encontrado um sócio disponível para assumir a presidência do clube.


Na próxima segunda-feira há Assembleia-Geral para discutir este assunto.

Clube corre o risco de fechar portas

A notícia caiu que uma bomba em Lordelo. Os directores do Aliados ficaram a conhecer à dias a decisão do Supremo Tribunal de Justiça relativamente ao processo judicial em que a família de Jorge Humberto, árbitro assistente no jogo que opôs a equipa de Paredes ao Sousense, pedia uma indemnização de 110 mil euros.

O Aliados de Lordelo já tinha sido condenado pelo Tribunal de Paredes em 46 mil euros e pelo Tribunal da Relação numa verba inferior e que agora foi confirmada pelo Supremo Tribunal de Justiça. Segundo o acórdão, o Aliados de Lordelo violou a lei que consagra que o túnel de acesso aos balneários "deve ser construído tendo em vista a protecção, entre outros agentes do fenómeno desportivo, dos componentes da equipa de arbitragem".

Já em primeira instância, o Tribunal tinha considerado que as condições de segurança não estavam totalmente garantidas, o que sempre foi contestado pela advogada do clube, Manuel Barbosa. "Continuo a defender que o que se passou não foi da responsabilidade do Aliados de Lordelo. O clube tomou todas as medidas de segurança necessárias para aquele jogo", referiu a causídica depois da leitura da sentença, altura em que realçou ainda o facto de "a avaliação do risco do jogo e das condições de segurança ser da responsabilidade da GNR".

Certo é que o Aliados de Lordelo tem de pagar 41700 euros, valor que poderá colocar em causa o futuro do clube. Quem o diz é o presidente da Junta de Freguesia de Lordelo e director da instituição, Joaquim Mota. "Se tivermos de pagar ficará muito complicado, senão impossível, continuar com o clube. O valor a pagar é quase metade do orçamento para a época", refere.
Para Mota, a decisão agora conhecida "é lamentável e, sobretudo, uma injustiça", visto que, diz, "o árbitro nunca esteve em coma e morreu de doença e não em consequência dos ferimentos".

O autarca lamenta, por fim, que a sentença tenha sido conhecida um dia depois de se ter encontrado um sócio disponível para assumir a presidência do Aliados de Lordelo. "É um dia negro e voltou tudo à estaca zero", resumiu.

Caso tem 12 anos

O caso remonta a 1998, quando, numa das últimas jornadas do campeonato, o Aliados de Lordelo, com aspiração a subir de divisão, recebeu o Sousense. O jogo correu de forma tranquila até cinco minutos do fim, altura em que a equipa de arbitragem assinalou uma grande penalidade contra a equipa da casa, que colocou o resultado empatado a duas bolas.

No final do encontro, os adeptos do Aliados de Lordelo invadiram o campo e encurralaram, durante 30 minutos, os árbitros no túnel de acesso ao campo. Passado esse tempo, os três homens tentaram chegar aos balneários, mas, segundo a acusação, Jorge Humberto, foi atingido na cabeça por pedaços de cimento arremessado por um adepto situado em cima da placa dessa infra-estrutura. O clube de Paredes sempre negou esta versão e defendeu que o árbitro caiu e bateu com a cabeça.

Este caso também foi alvo de um processo-crime deduzido pelo Ministério Público, mas acabou arquivado por não se ter descoberto quem arremessou os pedaços de cimento. Jorge Humberto não se conformou com a decisão e avançou com um processo cível, mas acabaria por falecer há sete anos.

A mulher e a filha do ex-árbitro continuaram, no entanto, com o processo.
Fonte:Verdadeiro Olhar

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